Combinações de cana, milho e celulósicos reduzem emissões. O desafio é aumentar eficiência sem pressionar alimentos – o setor mira duplicar rendimento da cana até 2040
Em um cenário global de mudanças climáticas, metas de descarbonização e busca por fontes renováveis de energia, os biocombustíveis emergem como uma das alternativas mais estratégicas para equilibrar produção econômica e preservação ambiental. O Brasil, com sua matriz energética diversificada e base agroindustrial sólida, ocupa uma posição privilegiada nesse processo — especialmente através do etanol e do biodiesel.
A produção nacional de biocombustíveis, baseada em culturas como cana-de-açúcar, milho e oleaginosas, tem se consolidado como referência internacional em sustentabilidade, eficiência e inovação tecnológica.
Redução das emissões e eficiência energética
Estudos da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que o etanol brasileiro de cana-de-açúcar emite até 90% menos CO₂ em comparação com a gasolina. Essa performance ambiental se deve a diversos fatores:
Cultivo perene da cana com alto índice de fotossíntese;
Baixo consumo de insumos sintéticos por hectare;
Capacidade de cogeração energética com o bagaço da cana;
Logística integrada e produção em larga escala.
O etanol de milho, por sua vez, tem avançado com tecnologias de reaproveitamento de insumos, como a geração de DDG (grãos secos de destilaria) e uso de biomassa para aquecimento e secagem, reduzindo ainda mais sua pegada de carbono.
Inovação e bioenergia de segunda geração
Outro avanço significativo é o etanol de segunda geração (2G), produzido a partir da celulose da palha e do bagaço da cana-de-açúcar. Com ele, é possível ampliar em até 50% a produtividade da mesma área cultivada, sem necessidade de expansão agrícola. O Brasil já conta com plantas industriais operacionais com capacidade de produção comercial de etanol 2G.
A combinação entre diferentes fontes — etanol de cana, milho e 2G — representa uma solução energética integrada e escalável, com grande potencial de replicação internacional, especialmente em países tropicais e em desenvolvimento.
Benefícios ambientais integrados
Além da redução de emissões, os biocombustíveis contribuem para:
Aumento da biodiversidade nas áreas de cultivo com práticas regenerativas;
Redução da poluição do ar nas grandes cidades;
Estímulo ao uso de resíduos agroindustriais como matéria-prima;
Integração com programas de crédito de carbono e RenovaBio.
Os biocombustíveis representam muito mais do que uma fonte alternativa de energia. Eles são hoje um dos principais pilares da estratégia brasileira de transição energética, combinando produtividade agrícola, inovação industrial e compromisso com o meio ambiente.
