Queda na produção de açúcar e recorde na produção de etanol

Apesar de uma queda de ~5 % na moagem, o setor alcançou recorde de 34,96 bilhões L de etanol, representando mais de metade do processamento.

A safra de cana-de-açúcar 2024/2025 no Brasil apresenta um cenário de contrastes. De um lado, a produção de açúcar registrou queda em volume e exportações.

De outro, a produção de etanol alcançou números históricos, com uma forte migração das usinas para o biocombustível, impulsionada por fatores de mercado, clima e políticas internas.

Este movimento revela transformações estruturais no setor sucroenergético, que passa a diversificar seu foco com mais ênfase na segurança energética e no aproveitamento da demanda interna.

Redução na produção de açúcar

De acordo com dados consolidados da safra até o mês de junho, a produção de açúcar no Brasil caiu aproximadamente 5% em relação ao mesmo período da safra anterior. As razões apontadas incluem:

  • Condições climáticas menos favoráveis durante a colheita;
  • Redirecionamento da cana para a produção de etanol, mais rentável no atual cenário;
  • Adoção de estratégias comerciais voltadas ao mercado doméstico.

Essa retração ocorre mesmo com o Brasil se mantendo como líder global em exportações de açúcar, o que levanta atenção para possíveis impactos no mercado internacional e pressões sobre os preços globais da commodity.

Produção de etanol atinge recorde histórico

Ao mesmo tempo, a produção de etanol bateu recordes históricos. Segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), o Brasil produziu 34,96 bilhões de litros de etanol entre abril de 2024 e março de 2025, representando a maior safra da história do país.

Desse total:

  • Aproximadamente 55% da cana-de-açúcar processada foi destinada à produção de etanol;
  • O volume total inclui tanto o etanol anidro quanto o hidratado, com destaque para o aumento na produção de etanol anidro utilizado na mistura com a gasolina.

Esse desempenho é atribuído a três fatores principais:

  1. Aumento da mistura obrigatória de etanol na gasolina (E30), aprovado em 2025;
  2. Preços internacionais mais instáveis para o açúcar, com incertezas tarifárias vindas dos Estados Unidos e da Índia;
  3. Busca por alternativas energéticas mais sustentáveis, com incentivo governamental à bioenergia.

Desdobramentos e perspectivas

A consolidação do etanol como produto prioritário nas usinas brasileiras representa uma mudança estratégica para o setor, que tradicionalmente priorizava o açúcar como principal fonte de rentabilidade.

Entre os principais desdobramentos esperados, destacam-se:

  • Aumento na competitividade do Brasil como exportador de etanol, especialmente para mercados em transição energética;
  • Expansão dos investimentos em infraestrutura logística e armazenamento de biocombustíveis;
  • Ampliação da integração entre usinas de cana-de-açúcar e tecnologias associadas à produção de etanol de segunda geração.

A safra 2024/2025 reforça o papel estratégico do setor sucroenergético brasileiro na transição para uma economia de baixo carbono. Apesar da queda na produção de açúcar, o avanço recorde na produção de etanol demonstra a capacidade de adaptação e resposta rápida do setor diante de mudanças de mercado, climáticas e regulatórias.

Com investimentos contínuos em inovação, sustentabilidade e eficiência produtiva, o Brasil se consolida como um dos principais protagonistas do mercado mundial de biocombustíveis.

Alcale

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