A recente autorização chinesa para DDG brasileiro abre portas a um mercado de cerca de US$ 65,7 mi, com produção estimada em 5 mi t por ano
Em maio de 2025, o governo chinês autorizou oficialmente a importação de DDG (grãos secos de destilaria) provenientes do Brasil. A medida representa uma importante abertura de mercado para o setor sucroenergético e de etanol de milho, oferecendo novas perspectivas para a valorização de subprodutos industriais e diversificação das fontes de receita do agronegócio nacional.
O anúncio foi feito durante visita diplomática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim, e é visto como um passo estratégico para o fortalecimento das relações comerciais entre os dois países, em um contexto de instabilidade nas trocas comerciais entre China e Estados Unidos.
O que é o DDG e por que ele é importante
O DDG é um subproduto do processo de produção de etanol a partir do milho. Após a fermentação e destilação, os resíduos sólidos restantes são ricos em proteínas, fibras e minerais. Por isso, são amplamente utilizados como ingrediente na alimentação animal, principalmente em rações para bovinos, suínos e aves.
O Brasil produz atualmente cerca de 5 milhões de toneladas de DDG por ano, concentradas principalmente nas usinas do Centro-Oeste. Até então, grande parte desse volume era comercializada internamente. A liberação para exportação à China abre uma nova frente de negócios com alto potencial de escala.
Benefícios da abertura do mercado chinês
- Ampliação da receita das usinas de etanol de milho
A venda de DDG para o mercado externo permite às usinas melhor aproveitamento econômico da produção, reduzindo a dependência da comercialização apenas do etanol. - Acesso a um mercado de grande demanda e liquidez
A China é o maior consumidor mundial de rações animais e vinha enfrentando dificuldades de suprimento após restrições comerciais com os EUA. O DDG brasileiro entra nesse contexto com vantagem competitiva em termos de preço, volume e proximidade logística via portos do Arco Norte. - Valorização da cadeia produtiva e atração de investimentos
Com novos canais de comercialização, o setor se torna mais atrativo para investidores nacionais e internacionais, favorecendo a expansão da produção e o desenvolvimento de novos polos industriais.
Perspectivas de médio prazo
A estimativa inicial da Associação Brasileira do Etanol de Milho (Unem) é que o Brasil possa exportar até 1 milhão de toneladas de DDG para a China já em 2026, movimentando cerca de US$ 65,7 milhões por ano. Além disso, o novo fluxo poderá estimular melhorias logísticas e o fortalecimento de relações comerciais bilaterais em outros segmentos agroindustriais.
A tendência é que essa abertura também impulsione a padronização e rastreabilidade da produção de DDG, com adoção de práticas internacionais de qualidade, certificações e transparência ambiental.
A autorização para exportação de DDG à China marca um novo capítulo para a cadeia do etanol brasileiro. A medida fortalece o posicionamento do país como fornecedor confiável de insumos para a alimentação animal e aumenta a resiliência econômica do setor bioenergético.
Mais do que um ganho pontual, essa decisão representa uma oportunidade estratégica de longo prazo para a agroindústria nacional e um passo importante na diversificação das exportações do agronegócio brasileiro.
