A decisão dos Estados Unidos de aplicar um arancel de 50% sobre o etanol brasileiro reacendeu debates sobre barreiras comerciais, competitividade e segurança energética. A medida, anunciada em julho de 2025, tem potencial para
Impacto dos aranceles dos Estados Unidos sobre o etanol brasileiro: riscos e repercussões no mercado global.
A decisão dos Estados Unidos de aplicar um arancel de 50% sobre o etanol brasileiro reacendeu debates sobre barreiras comerciais, competitividade e segurança energética. A medida, anunciada em julho de 2025, tem potencial para afetar significativamente as exportações brasileiras, além de gerar efeitos colaterais nos preços domésticos, nos investimentos do setor e na estabilidade de acordos internacionais de biocombustíveis.
Entenda a medida
Em julho de 2025, o governo norte-americano, sob nova orientação comercial, oficializou uma tarifa de 50% sobre o etanol importado do Brasil, alegando a necessidade de proteger a produção local e manter o equilíbrio da balança comercial. A decisão ocorre após um período de alta nas importações de etanol brasileiro, que vinha sendo competitivo mesmo com a flutuação cambial e os custos logísticos.
A tarifa foi vista por especialistas e autoridades brasileiras como desproporcional, uma vez que o Brasil, por sua vez, pratica um imposto de 18% sobre o etanol importado dos EUA. Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores classificou a medida como “injustificável e unilateral”, e sinalizou que o país pode adotar medidas compensatórias, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Principais impactos para o Brasil
A aplicação do novo arancel gera consequências diretas e indiretas sobre o setor de etanol brasileiro:
- Queda nas exportações para os EUA
Os Estados Unidos são tradicionalmente um dos maiores destinos do etanol brasileiro, especialmente o de cana-de-açúcar, considerado mais sustentável e com menor pegada de carbono. Com o aumento do custo final do produto, espera-se uma retração das exportações em 2025 e 2026. - Pressão sobre os preços internos
A diminuição da demanda externa pode gerar excesso de oferta no mercado doméstico, pressionando os preços internos do etanol e afetando a rentabilidade de usinas, especialmente aquelas altamente dependentes das exportações. - Revisão de estratégias de investimento
A insegurança regulatória e comercial tende a provocar uma reavaliação nos planos de expansão do setor, tanto no etanol de cana quanto no de milho. Usinas que estavam em fase de captação de recursos podem enfrentar maior cautela por parte de investidores. - Redirecionamento comercial para Ásia e Europa
Com as dificuldades no mercado norte-americano, empresas brasileiras já buscam novos acordos com países da Ásia, Europa e América Latina, além de fortalecer as exportações de subprodutos como o DDG.
Reações e posicionamento do setor
Entidades como a UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) e a APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool) se manifestaram contrárias à medida e destacaram a importância de retomar o diálogo bilateral.
Há também articulações junto ao governo para que o Brasil reforce os incentivos à produção interna e amplie a participação do etanol nos programas de descarbonização e transporte sustentável, como o RenovaBio.
Conclusão
A imposição de um arancel de 50% sobre o etanol brasileiro pelos Estados Unidos representa um desafio relevante para o setor, mas também uma oportunidade para o Brasil diversificar seus mercados e fortalecer sua liderança no segmento de biocombustíveis sustentáveis.
A resposta estratégica do país dependerá da articulação entre governo, indústria e parceiros comerciais, com foco em proteger o setor e preservar o papel do etanol como vetor de transição energética.
